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domingo, maio 04, 2014

Crowdfunding em perigo.

Caixa do Baralho que nunca será entregue

        Jason E. Bernstein, Advogado Geral do Estado de Washington, EUA, entrou com um processo contra Edward J. Polchlepek III (Ed Nash) e sua empresa Altius Management que tiveram uma campanha bem sucedida no Kickstarter em 2012 e não entregaram o que prometeram.
        Segundo o Advogado, acredita-se ser o primeiro processo referente a crowdfundings bem-sucedidos e que não cumpriram a sua parte no acordo.
        A campanha de Ed Nash era simples, um baralho Bicycle customizado com uma temática meio dark. Mas apesar da campanha bem-sucedida, as promessas nunca foram cumpridas. Por que? Não é relevante.
        Então o Advogado quer processar um canalha. Mas e daí?



O que é crowdfunding?


         Crowdfunding é uma forma de arrecadação de recursos onde pessoas, também conhecidos como backers, apoiam empresas ou individuos com produtos, projetos ou serviços. Para atrair mais investidores, é comum as campanhas de Crowdfunding oferecerem brindes e, muitas vezes, o próprio produto aos possíveis apoiadores.
        Isso não significa que os apoiadores compraram os produtos, os apoiadores garantem os fundos da pesquisa/produção/desenvolvimento e como agradecimento, os idealizadores distribuem os frutos da pesquisa/produção/desenvolvimento aos indivíduos que acreditaram e puseram dinheiro no projeto.
       O crowdfunding não é uma pré-venda. Assim, não há um compromisso em entregar as promessas feitas na campanha, conta-se com a boa-fé dos envolvidos.
        O objetivo do crowdfunding é fomentar desenvolvimento de seja lá o que for.


Quem faz crowdfunding?

        As empresas que recorrem ao crowdfunding são geralmente empresas pequenas e que não conseguiriam financiar seus projetos no Mercado. A Oculus VR é um exemplo. Uma empresa pequena com um projeto ambicioso, o Oculus Rift, e que optou por um financiamento público ao invés de buscar parceiros comerciais tradicionais.
        Também podem aderir ao crowdfunding empresas dispostas a criar uma comunidade em volta do produto, como é o caso do Estúdio brasileiro Behold Sudios. Também pequeno, o estúdio arrecadou fundos para seu novo jogo, Chroma Squad, via Kickstarter para manter-se próximo dos fãs e ter um feedback constante durante o desenvolvimento.


Qual o problema de punir canalhas?

        Em princípio, nenhum. Mas o que significa obrigar Ed Nash a ressarcir os backers?
        O ambiente de financiamento coletivo é um ambiente onde não há garantias. Os backers dão dinheiro à projetos interessantes e veem os mesmos se desenvolverem, muitas vezes palpitando. Mas se um projeto falha, falhou. Esse é o lado negativo.
        Os backers não recebem nada ou são ressarcidos dependendo do dono do projeto. Claro, se o sujeito passa todo mundo para trás, isso acontece uma vez só pois seu nome fica sujo. E é por isso que o nome Edward Polchlepek III está em negrito neste post. Evitem este canalha.
        Tirando a possibilidade de canalhas enganarem pessoas de boa-fé, tiramos de empresas ambiciosas e com projetos arriscados a chance de criarem algo inovador e até mesmo revolucionário. Essas empresas não conseguem financiamento pelos meios tradicionais pois não oferecem garantias, e não tem como oferecerem. No crowdfunding elas encontram um ambiente com pessoas dispostas a financiar seus projetos.


Por que as pessoas estão revoltadas?

        Os backers do Asylum Playing Cards entraram na campanha pois ela foi mostrada como uma pré-venda.
        Assim, quando alguém paga por algo e não recebe, se sente enganado, como pode ser averiguado na sessão de comentários do Kickstarter deles.
        Esse tipo de campanha que dá uma ideia de pré-venda ao crowdfunding é muito comum, aliás, são as que são mais bem-sucedidas.
       O corwdfunding se tornou uma forma de pré-venda mascarada. O que deturpa um pouco o objetivo de um financiamento público, que seria permitir que ideias floresçam por outras vias que não sejam o financiamento tradicional, mas através de indivíduos interessados naquilo que é proposto.


Moral da história

        O Advogado não compreende a extensão do crowdfunding, assim como muitos backers em diversos projetos, compreendendo o crowdfunding como uma pré-venda de produtos diversos.
        Nesse ambiente livre as pessoas são livres para assumirem riscos e livres para enganar, mas esse é um risco que todos os backers sabem que correm ao ajudarem uma campanha no Kickstarter, no Catarse ou no Vakinha. O objetivo do crowdfunding é ajudar, não comprar.
        Punindo Edward Polchlepek III, mais conhecido como Ed Nash e sua empresa a Altius Management o ambiente propício ao florescimento de projetos altamente arriscados e com chance incerta de sucesso é minado, transformando-o num ambiente exclusivo de pré-vendas.

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